terça-feira, 16 de julho de 2013

Projeto de Intervenção: Retorno ao Ninho

Introdução


Após o trabalho de campo realizado na Lapa percebemos o grande número de crianças e adolescentes  vivendo pelo bairro e desenvolvemos este projeto para reencontrar suas famílias com a finalidade de promover a inserção no convívio familiar. De acordo com o Art. 4° do estatuto da Criança e do adolescente - " É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária."
As crianças e adolescentes são sujeitos de direitos e devem contar com políticas públicas, proteção e serviços em geral, conforme explicitado na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. As famílias têm obrigação de cuidar daqueles que ainda não se desenvolveram completamente, no entanto, quando isso não ocorre, por qualquer motivo, é obrigação de o Estado zelar por essas crianças e adolescentes, podendo firmar convênios com entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução de projetos que os beneficiem.
Portanto, considerando o direito da criança e adolescente a uma vida familiar estruturada e harmoniosa, à educação, à plena formação social e ao livre exercício de usufruir a juventude, propomos o projeto: Retorno ao ninho. Ao mesmo tempo intervindo junto às famílias para restabelecer os vínculos, recorrendo à rede de serviços sócio- assistenciais e, contando com profissionais especializados para cuidar da reintegração das famílias com essas crianças.
  

Tema Central: Reinserção social de crianças e adolescentes em situação de rua, promovendo o fortalecimento dos vínculos familiares, localizado no Bairro da Lapa no Rio de Janeiro.

Justificativa: a proposta do projeto é atender a crianças e adolescentes em situação de rua proporcionando um ambiente acolhedor e provisório, oferecendo o atendimento de qualidade com condições saudáveis conforme preconiza o ECA. Além é claro de contar com profissionais especializados para cuidar da reintegração das famílias com essas crianças. O projeto Retorno ao Ninho almeja através de suas ações promover uma articulação  entre a sociedade civil, o governo e instituições não governamentais na construção do enfrentamento desse grave fenômeno sócio-econômico, reunindo a experiência acumulada para construção de conhecimento.

Objetivos Geraispropor alternativas de alteração à situação de rua vivenciada por crianças e adolescentes que tem nela seu espaço de moradia, articulando os serviços da rede já existente e incluindo a criança/adolescente e sua família na rede sócio assistencial do município, visando a garantia de direitos e inclusão social.

Objetivos Específicos:

  • Realizar abordagens e acompanhamentos na área prevista.
  • propor um plano de intervenção individual e familiar.
  • contribuir para a articulação da rede de serviços sócio-assistenciais de proteção básica e especial com as demais políticas públicas e instituições, buscando a ampliação dos serviços.
  • Disponibilizar programas de qualificação profissional para as famílias da criança/adolescente  em situação de rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho.
  • Elaborar propostas articuladas com os serviços públicos para garantir atendimento psicológico, educacional, geração de renda e de acompanhamento aos dependentes químicos. 

Público alvo: crianças/adolescentes em situação de rua.

Programas desenvolvidos:
                                                    Programa  educação para todos;
                                                    Programa de fortalecimento de vínculos;
                                                    Programa busca vagas;
                                                    Programa de Orientação e Apoio Sócio-Familiar
                                                    Programa de desintoxicação

Corpo Técnico:  Assistentes sociais, Psicólogo (a), Educadores sociais, servente, cozinheiros (as) copeiros (as) e nutricionista.

Instrumentos  e técnicas

  •  Abordagem: na abordagem os Assistentes Socias irá trabalhar com a criança/adolescente buscando a possibilidade de retorno ao convívio familiar.

  • Visita Domiciliar: o Assistente Social irá avaliar se existe condições físicas e financeiras desta família receber a criança.
  • Plano de Intervenção Individual e Familiar: o primeiro plano é o acolhimento desta criança dentro da unidade proporcionando um ambiente acolhedor, no sentido de promover a ambientação da criança dentro  do ambiente familiar.  Desenvolvendo normas de convivência , higiene , respeito etc... Serão realizadas atividades que favoreçam o estreitamento de vínculos como : almoços, passeios, visitas e palestras .
  • Interface/encaminhamentos com a Rede de Atendimento
  •  Integração dos Núcleos
  • Entrevistas: a entrevista será feita com o  preenchimento de  formulários semiestruturados   para coletar informações sobre a família e a vida desta criança.
  • Observação: individuais e grupais do comportamento destas crianças e familiar,  propiciando identificar se existem condições de estas voltarem ao convívio  familiar. Além de observar se estas famílias possuem  condições de receber esta criança.

Recursos:

Materiais

Uma van

Duas salas para atendimento individual uma para o assistente social e outra para o Psicólogo  - cada sala  com um computador, material de papelaria, uma mesa, três cadeiras.


Humanos 

2 Assistentes Sociais 
1 Psicólogo
02 Professores de informática





















segunda-feira, 15 de julho de 2013

"A Questão Social no Brasil: A Difícil Construção da Cidadania"




INTRODUÇÃO

 Os problemas que assolam nossas vidas, de desemprego a seqüestros, de secas a violência, provocam diversos desajustes na conjuntura político-social do Brasil. Tais problemas são encarados como questões sociais. Procura-se ver o que uma coisa leva a outra, e desta a mais outra ainda. A preocupação diante deles estão quando ultrapassam níveis considerados normais, portanto controlável pelo poder, que esteve e está nas mãos das elites políticas e econômicas.
A questão social desde muito é encarada pela própria sociedade como responsabilidade tão e somente do governo. Por outro lado os problemas sociais passaram a ser encarados como decorrentes da carência de recursos materiais e intelectuais, assim com da pobreza. Esta, por sua vez, vista como causa individual e de responsabilidade de cada um.
Esses fenômenos sociais são tidos como éticos e morais, associados à permanência da ordem social do governante que está no poder. Muitas experiências foram feitas por governos locais no sentido de combater os problemas sociais.

A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL: A DIFÍCIL CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA


As dificuldades por que passam os brasileiros são tidas como problemas sociais, estas por sua vez, se ultrapassarem ao nível considerado “normal”, passam a serem consideradas como fenômeno social. O problema está, justamente, em se considerar normal o que é nocivo, pernicioso.
O que tem acontecido? Tem sido tênue a linha que liga a questão social com o que ela representa. Por exemplo, as injustiças e desigualdades sociais que não representam ameaças diretas ao controle político e da ordem são deixados à mercê, tolerados, deixados no campo daquilo que consideram como sendo normal. Já a violência, seqüestros, homicídios, dentre outros, por serem ameaças diretas à ordem e ao poder, têm prioridade da ação governamental, quando ganham investimentos pesados, mesmo sem grandes resultados, pois as suas causas estão vivas e bastantes potenciais.
É assim que fenômenos sociais, como pobreza, aqueles decorrentes das secas, são toleráveis, só ganham prioridade , quando associados aos que representam ameaças à ordem . Exemplo: quando a pobreza é associada à violência, então são tomadas algumas providências para que volte aos níveis aceitáveis, portanto controláveis. E antes? Como era encarada a questão social? No final do século XIX, em decorrência dos grandes aglomerados urbanos, os problemas sociais cresceram, principalmente por causa do modelo econômico que explorava o trabalho livre. A pobreza e os demais problemas individuais, portanto de responsabilidade privada, ficava a cargo da filantropia, da caridade proveniente da elite econômica (sua própria causadora), saindo-se ainda com prestígio social pelos “atos fraternais”. E assim permanece nas primeiras décadas do século XX, e ainda agora, como fenômeno esporádico.

Uma mudança significativa houve com as transformações econômicas, com a formação das classes assalariadas urbanas (o operariado), somando-se aos imigrantes europeus, com experiências de lutas sociais de caráter anarquistas, quando lutavam por melhores condições de vida.
Mas a questão do bem-estar dos cidadãos (agora, os trabalhadores assalariados) nada tem a ver com os pobres (desempregados, considerados não-cidadãos).
A partir de 1930 a questão social do trabalho é matéria do governo, enquanto que o da pobreza (desvalidos) continua coisa da filantropia. Aqui há uma diferenciação entre problemas sociais e questões sociais. Um é indesejável porém aceito, o outro, mais abrangente, é até legitimado, tido como permanente e estrutural. Cidadania e pobreza assumiram características distintas. A primeira é vinculada ao trabalho, a segunda à situação de carência, à marginalização, a não contribuição aos cofres públicos, portanto ficando à mercê da caridade alheia. O que é bem diferente dos países europeus, onde a questão social é tratada com respeito. Aqui os direitos sociais não passam de políticas sociais, dirigidas a dois públicos distintos: direitos dos cidadãos e “assistência” social aos pobres. Os cidadãos são protegidos por contribuírem, já os pobres, por não contribuírem, sobram programas de caráter filantrópico, e isso ainda, aos grupos mais carentes, portanto mais propício à ameaça social.
Outra característica assumida pela questão social brasileira é o caráter paternalista e clientelista nos diversos níveis do poder. Dessa forma firma-se na sociedade a imposição de uns e a subserviência de outros, do mais alto cargo ao mais baixo, e destes ao povo, em forma de apadrinhamento, de dependência, de sujeição aos direitos sociais, à personificação do Estado, aos grupos partidários locais, estaduais e nacionais. É assim que as elites desses níveis se apoderam do poder e dos problemas e mazelas do povo para perpetuarem-se, mesmo que se revezando, no poder.
A questão social vinculou-se a dependência entre política econômica e a política social, estando centralizando ao Estado, ao poder, por considerarem o povo em geral (trabalhadores, desempregados) como incapaz de garantir sua sobrevivência, assim tolerando as associações populares (sindicatos,etc.), controlados, a serviço dos dois lados, para fazer valer o sistema protecionista e filantrópica, com raríssimos privilégios, no caso dos assalariados.
Desde a sua origem, o nosso sistema de proteção social, ao invés de existir para garantir a capacitação e inclusão dos cidadãos (desvalidos, desempregados, analfabetos, miseráveis) no mercado de trabalho, tem funcionado apenas para reproduzir o sempre atual sistema de reprodução de subalternidade, de subserviência, de apadrinhamento das classes assalariadas e do povo em geral para com aqueles detentores do poder econômico e político do país.
Então a questão social no Brasil é moldada de acordo com os interesses das elites políticas. A questão social, que com a questão trabalhista firma-se como proteção social (como direitos sociais e filantropia), assume característica paternalista, de política do favor, de patriarcalismo autoritário, ou seja, misérias transformam-se em instrumentos, armas de dominação, bem como a reprodução do sistema. Por isso, atualmente, direitos são vistos pela elite como privilégios, favores. Historicamente, sabemos que o brasileiro tornou-se cordial e “permissivo”, manso, por moldagem forçada pelas elites políticas e econômicas, através das próprias políticas sociais . Estranhamente não foram os governos mais ditatoriais que mais sufocaram a questão social, mas nos períodos considerados democráticos, normais, quando os mais poderosos melhor se apropriaram do sistema e dos benefícios, passando o resto aos menos pobres, o restante aos pobres e as migalhas aos muito pobres. É aqui que está o traço dominador da política social.
No Brasil, ao contrário de muitos países, as políticas sociais não só reproduzem as desigualdades como aumentam a subalternidades dos desamparados. Isso é que é mais cruel e ditatorial, na essência da palavra.
É comum em hospitais públicos do interior uns serem melhor atendidos por serem eleitores do prefeito, outros até nem podem ser atendidos por terem votado na oposição. Isso sem contar o nepotismo e o clientelismo muito em voga.
Ficam todos os dependentes de serviços públicos à mercê da boa vontade dos funcionários públicos (assalariados, pagos pelo Estado, portanto pelos impostos do povo) para obterem o mínimo do direito básico que é seu. A relação no Brasil entre cidadania e mercado, obedece a alguns critérios de proteção social estabelecidos: previdência social para aqueles que são assalariados na iniciativa privada, estabelecendo relações sociais entre os trabalhadores do setor privado. Mas esse sistema foi combatido nos anos 90pelas elites dirigentes por considerarem oneroso. Depois o Estado, passou a subsidiar os serviços , mas adotou a política de privatizações dos serviços sociais, quando esses serviços sociais passam a ser atividades lucrativas, fonte de acúmulo de capitais, portanto sujeitas às leis do mercado, enquanto que a população permanece descapitalizada.
É o caso do setor de energia, de telefonia e a indústria farmacêutica controlados pelo capital privado (e a te estrangeiro), tornando os serviços e produtos caros. Com a crescente globalização econômica, acentua-se a privatização, quando a questão social deixa de ser associada ao mercado de trabalho para ser vinculada ao mercado de consumo. Atualmente o Estado procura diminuir o seu tamanho, ou seja, reduzir os custos.
O cidadão agora é visto pela sua capacidade de consumo, assim também a sua proteção social. Então é cada um por si, não existe a compensação das desigualdades sociais, das injustiças.
O povo se vê desvalido de direitos sociais básicos, enquanto que as elites políticas não articulam democracia política com democracia social, pois o país é uma das maiores economias do mundo e também é uma das maiores desigualdades sociais. Direitos sociais cada vez mais passam a ser entendidos como necessidades sociais, pois os direitos estando privatizados vincula a proteção à capacidade produtiva de cada um. É o caso da aposentadoria, que deixou de ser regulada pelo tempo de trabalho para tempo de contribuição. Ou seja, que cada um se ampare, que se garanta, porque senão...
As desigualdades de nada parecem a se acentuar, elas persistem na pobreza tradicional, e se renovam nas novas pobrezas decorrentes das transformações econômicas, como as conseqüências da globalização e da organização da nova ordem mundial. Como as desigualdades sociais acentuam-se e tornam-se radicais, a pobreza tornou-se algo muito natural, fruto da acentuação da globalização e do modelo capitalista, ou seja, de fatores externos, como se não bastassem os internos, esses que adquirimos no decorrer do tempo.
As elites políticas continuam se revezando no poder, agindo de acordo com seus interesses e focalizando a pobreza, por eles mesmo produzida, como uma “questão social” enfrentando-as com políticas sociais nos grupos identificados como vulneráveis, quase sempre sob os holofotes da grande mídia, principalmente em épocas de eleição. Naturaliza-se a pobreza, principalmente porque rende debates políticos, cada um jogando ao ar que a pobreza é fruto do fracasso do seu opositor, ao mesmo tempo em que uma pequena parcela da sociedade concentra a maior parte da renda nacional, a grande parte da sociedade vive de migalhas, faltando-lhes o básico como família, saúde, educação de qualidade, etc.
A necessidade atual consiste em o Estado fazer-se forte no sentido de atuar em prol da sociedade, portando uma verdadeira democracia, distributiva de renda, enfrentando as desigualdades sociais. O Brasil deve, portanto romper as velhas amarras do interesse feroz burguês e aristocrático e transformar a democracia em algo que seja do povo de fato, em que o “público” seja realmente de todos, construindo o espaço que seja suficiente para toda a sociedade brasileira. Cabe ao brasileiro agora lutar por uma ordem social mais democrática, superando a sua subordinação pelas elites, considerando a coletividade, transformando a questão social numa questão redistributiva da riqueza e do poder. Assim todos ganham.

CONCLUSÃO

A questão social tem sido o espinho no pé desse país, mas não se procura encarar o problema como ele verdadeiramente é, quando jogam-na no campo da filantropia e não um caso da nação como um todo, vendo-a como algo que está aquém e além das nossas vidas, como se fosse irreal.
Os problemas sociais foram uma constante no Brasil desde tempos imemoriais, encaradas como coisa da filantropia alheia, mesmo no decorrer do tempo, com o surgimento das grandes cidades, quando tais problemas se tornaram mais agravantes. Com as mudanças verificadas na sociedade, na questão trabalhista, o problema da pobreza tomou outro rumo, separando-se dos problemas do cidadão, que era aquele que contribuía financeiramente com os cofres públicos.
As elites dirigentes atuaram e atuam naquilo que consideram perigoso à ordem nacional, melhor dizendo, ao poder temporal daqueles que se revezam, deixando estar situações de pobreza, de violência, de desajustes sociais, porém consideradas normais, ao sabor de seu próprio destino. Pouco se procura ligar o contesto de uma questão social com o que ela representa, e o que ainda vai representar. Tal realidade firma-se com o modelo político-social que mais perpetua a situação problemática do povo, do que atenua, mais se faz em proveito das elites dirigentes, do que dos desvalidos da nação.

  

Victor Jara - Músico Chileno


     O artista chileno foi uma das maiores referências em música de resistência às ditaduras na América Latina. Teve uma morte trágica e emblemática no Estádio Nacional do Chile poucos meses após a tomada de governo pelos militares, sob a batuta de Pinochet.


     Victor Lidio Jara Matinez, professor, diretor de teatro, poeta, cantor, compositor, músico e ativista político chileno. Nascido numa família de camponeses na San Ignacio uma comunidade próxima da cidade de Santiago do Chile em 28 de setembro de 1932, Victor Jara se tornou um reconhecido diretor de teatro, dedicando-se ao desenvolvimento da arte no país, dirigindo uma vasta gama de obras locais, assim como clássicos da cena mundial. Simultaneamente, desenvolveu uma carreira no campo da música, desempenhando um papel central entre os artistas neo-folclóricos que estabeleceram o movimento da Nueva Canción Chilena, que gerou uma revolução na música popular de ser país durante o governo de Salvador Allende. 
     Após o golpe do general Augusto Pinochet em 11 de setembro de 1973, Victor Jara foi feito prisioneiro no Estádio Nacional em Santiago do Chile, onde foi brutalmente torturado e assassinado em 16 de setembro de 1973. 

           


MANIFIESTO
Victor Jara

Yo no canto por cantar
ni poe tener buena voz
canto porque la guitarra
tiene sentido y razon,
tiene corazon de tierra
y alas de palomita,
es como el agua bendita
santigua glorias y penas,
aqui se encajo mi canto
como dijera Violeta
guitarra trabajadora
con olor a primavera.

Que no es guitarra de ricos
ni cosa que se parezca
mi canto es de los andamios
para alcanzar las estrellas,
que el canto tiene sentido
cuando palpita en las venas
del que morira cantando
las verdades verdaderas,
no las lisonjas fugaces
ni las famas extranjeras
sino el canto de una alondra
hasta el fondo de la tierra.

Ahi donde llega todo
y donde todo comienza
canto que ha sido valiente
siempre sera cancion nueva.


Fundação Victor Jara:






A Privatição da Saúde Publica no Brasil em Tempos de Capital e Feitiche.

Por Rafael Teixeira do Nascimento.


No contexto atual, na contemporaneidade, no que tange o trato da questão social é de suma importância inserir o debate do Terceiro Setor, visto que esse fenômeno é pertinente ao processo de reestruturação do capital, especificamente no conjunto de reformas do Estado.  Sabemos que a reforma do estado na década de 90 se concretizou com a falácia desculpa de que tal reforma seria necessário para reformular e melhorar a Política Social no pais, sabemos que essa foi apenas uma argumentação de roupagem para se consolidar a reforma, visto que tal reforma se concretizou para consolidar os interesses políticos e econômicos do estado o qual é alavanca de desenvolvimento do neoliberalismo no pais.
O processo de reestruturação do estado trouxe consigo uma nova roupagem, modalidade, no que tange ao trato da questão social. As políticas sociais universais, constitutivas de direitos após a década de 90 com o advento do neoliberalismo no pais passaram a ser acusadas pelos neoliberais,  para estes  essas eram propicias a esvaziarem os fundos públicos. 
A política neoliberal se consolida no Brasil em 1990, ou seja dois anos mais tarde, após a promulgação da Constituição Federal de 1988 na qual passou a ser garantida a Seguridade Social, a qual é constituída pela Previdência, saúde e Assistência. A Seguridade  social foi garantida na constituição no entanto  com a consolidação do neoliberalismo no pais a seguridade social, em seu tripé,  para os neoliberais, passou a ser a principal fonte de ameaça para o desenvolvimento do  neoliberalismo.
No contexto atual, cenário de crise do capital, a Seguridade Social tem sido fortemente atingida, visto que essa fica em segundo plano mediante aos interesses do estado, que em tempo de crise não esta preocupado em garantir os direitos sociais dos cidadãos, esta preocupado em não declinar o desenvolvimento econômico do pais, não referimos aqui o desenvolvimento econômico pensado no bem comum, da sociedade, nos referimos ao desenvolvimento que se concentrara nas mãos de poucos. Nesse contexto de lutas da classe trabalhadora mediante ao projeto  societário atual é que a política social vem sofrendo os reflexos de tal reforma concretizada na década de 90.
 A política nacional de saúde nos últimos anos tem sofrido severamente os reflexos do neoliberalismo, frente a esses contextos de luta mediante ao neoliberalismo é que pretendemos fazer uma breve analise sobre a privatização do sistema publico de saúde,  daremos destaque aos acontecimentos que vem ocorrendo no estado de São Paulo no que tange a privatização do sistema de saúde publica.
Partimos do pressuposto de que com o advento do neoliberalismo o estado tem estreitado os laços com a sociedade civil, mediante a isso é que atualmente tem ocorrido a descentralização da Política Social.
Infelizmente a privatização do Sistema  Publico de Saúde esta se tornando uma realidade constante em nosso meio, com isso, além dos usuários deste serviço os profissionais de saúde também   estão sendo prejudicados, mediante a sua intervenção profissional, aqui daremos enfoque aos Assistentes Sociais, categoria profissional da qual em breve irei pertencer. 
A Assembléia Legislativa do Estado de são Paulo esta cogitando a privatização do sistema publico de saúde estadual, profissionais da área de saúde e movimentos sociais tem lutado para que isso não se concretize. Se a referida lei for aprovada perante a aprovação do governador de Estado José Serra, a privatização dos Espaços Públicos de Saúde  no referido estado ira permitir a atuação de Organizações Sociais ( OSs ) em todos os hospitais públicos paulistas.
Sabemos que essa atitude em querer privatizar os espaços públicos de saúde não é pelo fato de o Estado estar preocupado com a qualidade de saúde pública no referido  Estado, o interesse do Estado é de se esquivar no que compete sua responsabilidade enquanto poder máximo o qual tem por obrigação garantir o acesso do cidadão ao atendimento humano e vital no que diz respeito suas demandas em relação sa saúde, atendimento hospitalar, no entanto o Estado tem descentralizado essa responsabilidade para seguimentos da sociedade civil.
O Terceiro Setor se consolidou em nosso pais e tem exercido um papel importante de parceria com o estado, nessas parcerias ambos os seguimentos são beneficiados enquanto a população é prejudicada nos diversos problemas sociais  postos a luz do ideário neoliberal.
O SUS quando elaborado tinha princípios  de democratizar a saúde publica, visava garantir a universalidade, a  integralidade e equidade no acesso aos serviços de saúde publico,  no entanto a política de saúde mediante ao ideário neoliberal foi descentralizada. 
As ações de descentralização e precarização da saúde tiveram inicio no governo FHC que sem medir esforços  afundou a política social brasileira. Por Sua vez o então ex Presidente  Luiz Inácio Lula da Silva  deu continuidade as ações iniciadas durante o Governo FHC.
Com a privatização dos hospitais na cidade de São Paulo a garantia de acesso ao atendimento médico se tornara ainda mais precário e de difícil acesso, com a privatização haverá um sucateamento ainda maior dos hospitais, visto que o governo passara a destinar menos verba a esses hospitais, isto pelo fato de o estado estar preocupado em otimizar custos e não garantir a qualidade de atendimento a população.
Ao  buscar parcerias com seguimentos da sociedade civil o estado tem por interesse desarticular o desenvolvimento da Política de saúde por parte dos seus órgãos competentes, portanto ao aprovar a privatização do Sistema de Saúde Publica o estado estará  desviando suas responsabilidades para seguimentos da sociedade civil. A saúde no Brasil se tornou mercadoria, hoje para ter acesso a um atendimento um pouco melhor o cidadão tem que pagar um plano de saúde, ou uma consulta particular. O que deveria ser direito garantido do cidadão se tornou mercadoria .
Ainda frente a esse processo de privatização dos hospitais, não podemos deixar de mencionar  a questão da falta de autonomia por parte dos profissionais de saúde em exercer sua pratica profissional, visto que o sistema de contratação desses profissionais será via CLT, portanto tudo indica que esses profissionais passaram por certas coerções para manter-se em seu posto de trabalho.
Infelizmente em tempos de capital e fetiche, o bem maior do cidadão, a saúde,  tem se tornado mercadoria e quem não tem condições de pagar para ter acesso a ela muitas vezes acaba pagando um preço alto, a perda da vida, infelizmente  o que deveria ser garantido pelo estado não é.


sábado, 13 de julho de 2013

Análise do Filme Preciosa



Clairece Preciosa Jones é uma adolescente de 16 anos que mora no Harlem.   Preciosa cresceu em uma família desestruturada, desde criança foi vitima de muitos tipos de violência, começando com o abuso sexual desde os 3 anos pelo pai e com o passar do tempo a exploração sexual e com trabalhos domésticos também pela sua mãe..
Na escola ela era vitima de bullyng dos colegas de classe o que fazia com que Preciosa não se relacionasse com ninguém e nem participasse das atividades da turma, fica evidenciado ai a falta de preparo da escola em lidar com uma questão que vai além da atenção dada dentro de sala de aula, pois antes de ser questionada sobre o seu segundo filho, Preciosa nunca havia recebido nenhum tipo de assistência ou orientação por parte da escola. Por conseqüência de sua gravidez ela foi expulsa da escola “normal” e encaminhada para uma que pudesse atender suas particularidades, aqui mostra também uma alternativa curiosa, pois no lugar de integrar a política usada pela escola é segregar os diferentes e não se adequar a suas necessidades.
Preciosa por ser vitima de violência doméstica gerou um filho com síndrome de donw e apresenta um perfil introspectivo e defensivo além de entrar em transe sempre que chega a uma situação limite em sua vida, ela utiliza isso como uma fuga. Uma das poucas pessoas que conversa e obrigada é a assistente social que quando a questiona sobre seu filho diz que foi dado pelo seu pai, é a primeira vez que ela deixa transparecer que sofreu abusos, o que mostra a importância da entrevista além da sutileza nas respostas dos usuários.
Por sofrer pressão de sua mãe para continuar recebendo o beneficio do estado, Preciosa é obrigada a mentir para a Assitente social. Na visita domiciliar fica evidente a crítica pela dependência da usuária com a assistência. Por o dinheiro ser a única forma de auxilio e pelo único interesse da mãe em ver a filha na escola é a renda sem se importar com a qualidade ou qualquer tipo de educação. Essa situação podemos trazer para uma realidade bem próxima da vivida hoje em dia no país com a política do bolsa família.

Ao começar a trilhar um caminho de independência e na busca de sua felicidade a jovem é surpreendida mais uma vez ao descobrir que é portadora do vírus HIV. O que nos faz ver como sua realidade é cruel, pois saiu de casa e tem que cuidar de uma filha com síndrome de Donw, do recém nascido além de arrumar um emprego, considero essa parte além de todo o filme um tapa na cara da sociedade.
Já no final quando a protagonista se encontra com sua mãe fica evidenciada a dependência afetiva que sofria sua mãe e a falha do sistema como um todo pois na escola seu comportamento nunca foi “questionado” nem quando teve seu primeiro filho ainda muito nova, outra questão para se levantar é atendimento feito pela assistência social, feitos em baias juntos com muito outros, barulho e sem privacidade alguma.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

As Manifestações e o Discurso da Mídia

Foto: Rosana Rose

Por Bruno Roncada

Junho de 2013 marcou um novo capítulo na história brasileira. O povo se reuniu, voltou as ruas e protestou como há muito tempo não se via. Não foi um movimento inédito, como alguns dizem. Foi sim a retomada de uma tradição no Brasil. Os manifestos se misturaram com a trajetória do país. Enganam-se aqueles que dizem que o povo brasileiro é acomodado. Como disse brilhantemente em um de seus posts o jornalista Lúcio de Castro, da ESPN Brasil, a história de luta do povo brasileiro foi subestimada. Basta abrir um livro de história para tomarmos conhecimento de marcantes revoltas que aconteceram no país, desde seus tempos como colônia. Tivemos a Conjuração Baiana, a Mineira, a Revolta Armada, da Vacina, só para ficar em alguns exemplos. Portanto, por mais que se diga que o povo brasileiro não tomava as ruas desde o impeacheament do então presidente Collor, há duas décadas, pensar que as lutas populares não constroem a história desse país é ignorar nosso passado.

Foto: Rosana Rose
De início, o motivo que levou as pessoas às ruas foi o aumento da tarifa de ônibus em muitas cidades brasileiras. Nesse momento, aqueles que marcham foram covardemente reprimidos pela ação policial e pela caneta da grande mídia. Taxados de radicais e extremistas, eram vistos como causadores do pânico. Tratavam-se de baderneiros que atrapalhavam o trânsito e que não permitiam a livre circulação dos verdadeiros cidadãos pelas ruas das cidades. 
Esse movimento de caráter popular era uma ameaça aso grandes conglomerados da mídia. Um movimento contestador que questiona a estrutura conservadora vigente na sociedade não seria visto com bons olhos. A estratégia? Os protestos passaram a ser considerados legítimos, desde que realizados de maneira pacífica. Seu caráter popular, que prima pela diversidade foi, ignorado. Não se pode controlar uma multidão. Sempre tem os mais exaltados, assim como tem os mais tranquilos. Houve uma estigmatização, então, daqueles classificados como vândalos. As principais notícias trazidas pela grande mídia seguiam, com raríssimas exceções, o mesmo roteiro... "o protesto era pacífico até X horas, até que um pequeno grupo, de vândalos começou a destruir o patrimônio." As manifestações passaram a ser mais divulgadas e ganharam notoriedade. 
Foto: Rosana Rose
Os protestos foram mudando de cara com a chegada de mais manifestantes. Resultado direto da grande ação dos grandes veículos de comunicação. As pautas das reivindicações começaram a   mudar. Surgiram   reivindicações contra os sistemas públicos de educação e saúde, contra PEC 37, contra o projeto de "cura gay" e contra a corrupção no país. Se pensarmos bem, todas são causas justas.
O fato é que a cobertura dos protestos por parte da grande mídia foi muito criticada. Justamente, diga-se de passagem. Com isso, algumas pessoas (obviamente, não os poderosos meios de comunicação) trazem de volta a discussão sobre a tão necessária democratização da imprensa, como destaca um artigo de Bruno Marinoni, no Observatório do Direito à Comunicação. Uma mídia mais plural é muito importante para o Brasil. 
Foto: Rosana Rose
A diversidade de discursos beneficia a sociedade, que não deve ficar presa a uma ideologia dominante. Democracia não se faz segundo as regras de um pequeno e poderoso grupo. É um processo coletivo, em que uma única voz não deve sufocar as outras. Principalmente quando essas outras vêm do povo. 
Foto: Rosana Rose

Foto: Rosana Rose





sábado, 22 de junho de 2013

Estatuto do nascituro é retrocesso de direitos


   O Estatuto do Nascituro ainda é apenas projeto de lei, mas causa polêmica em todo o País principalmente pela forma como trata mulheres vítima de violência sexua. Conforme o texto, de autoria dos ex-deputados Luiz Bassuma (PT - BA) e Miguel Martini (PHS - MG) e aprovado no início deste mês na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, se a mulher engravidar após o estupro, não poderá interromper a gestação.
    O projeto prevê ainda o pagamento de benefício, chamado por contrários a proposta de "bolsa estupro". Conforme o artigo 13, inciso 2, o feto tem "direito a pensão alimentícia equivalente a um salário-mínimo até que complete 18 anos". Em parágrafo único, o projeto detalha a responsabilidade pelo pagamento. "Se for identificado o genitor, será ele responsável pela pensão alimentícia a que se refere no inciso 2 deste artigo; se não for identificado (...), a obrigação recairá sobre o Estado".
   Para a assessora de Políticas para as Mulheres de Santo André, Silmara Conchão, o estatuto tira a responsabilidade criminal do estuprador e a transfere para a mulher, que não pode mais optar se quer ou não carregar o fruto da violência, e ainda é obrigada a criar vínculos com o agressor. "O direito ao aborto nos casos de estupro é uma conquista obtida na década de 1940. Se o projeto for aprovado, será retrocesso".
    Silmara diz que a aprovação do estatuto pode aumentar a mortalidade de mulheres por abortos ilegais, já que as vítimas de estupro não poderão fazer o procedimento na rede pública de saúde. "O brasil é cobrado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e ONU ( Organização das Nações Unidas) para que produza estatísticas sobre mortes em abortos clandestinos. Hoje estima-se que essa seja a segunda causa de mortalidade materna em algumas cidades".
    Para a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania de São Bernardo, Márcia Barral, outro ponto preocupante é a criminalização das discussões sobre o aborto, prevista no artigo 28, com pena de detenção de seis meses a um ano e multa. "Não sou a favor do aborto, mas se trata de algo que não podemos negar. O Estado não pode permitir que as mulheres pobres continuem sendo punidas pela falta de uma rede que as atenda. As ricas pagam para abortar em clínicas particulares com todos os cuidados. As pobres sangram até a morte". O projeto também prevê a proibição do aborto em casos de deficiências, mesmo que não haja sobrevida fora do útero, e ainda impede congelamento de embriões, comum em casos de inseminação artificial (leia mais abaixo).


Manifestação 

    Para protestar contra o avanço do estatuto, manifestantes se reuniram na tarde do dia 15 de junho na Praça da Sé, região central da capital. O protesto foi organizado pelo Facebook. O local foi escolhido por ser ícone religioso da cidade, já que os organizadores veem a bancada religiosa no Congresso formada por católicos e evangélicos, como entrave para discutir a legalização do aborto no País. para ser aprovado, o estatuto precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça, seguir para o plenário, passar pelo Senado e ser sancionado pela Presidente Dilma Rousseff (PT).

Envio de crianças para adoção após o nascimento é questionado

    Outro ponto polêmico do artigo 13 do Estatuto do Nascituro é o inciso 3, que garante "direito prioritário à adoção, caso a mãe (vítima de estupro) não queira assumir a criança após o nascimento". A presidente do CRESS-SP (Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo), Eloísa Gabriel, lembra que é preciso levar   em consideração as dificuldades para o processo de adoção e a superlotação dos abrigos de menores. "Há pessoas que completam 18 anos sem a menor possibilidade de ganhar um lar ".
      Eloísa acredita que o projeto não deve virar lei. "A população está consciente e as discussões sobre o aborto no País estão avançando. "Vivemos numa democracia. Se a mulher vítima de violência sexual decidir ter o filho por questões religiosas é um direito dela, mas o Estado, que é laico, não pode impor o mesmo tratamento para toda a sociedade. Deve ser uma questão individual de cada mulher, que precisa do amparo da rede de Saúde e Assistência Social".

Camila Galvez 
Do Diário do Grande ABC